Consórcio diz que pode ajudar comerciantes prejudicados pelas obras do metrô no Leblon
quarta-feira, 21 de novembro de 2012O consórcio responsável pelas obras da Linha 4 do metrô (Barra-Zona Sul do Rio de Janeiro) informou na segunda-feira que poderá apoiar financeiramente comerciantes do Leblon que tiverem seus negócios prejudicados pelo projeto. Segundo a assessoria do grupo, a ideia é usar o mesmo modelo adotado na construção da estação General Osório, no bairro de Ipanema. Quem for prejudicado pelas obras ou pelas interdições pode apresentar seu caso ao consórcio, que analisará caso a caso, podendo inclusive pagar aluguéis dos estabelecimentos que comprovadamente estiverem em dificuldades financeiras. Cada ação dessas é relatada ao governo do estado, mas, ainda segundo a assessoria, os possíveis custos já estão previstos no orçamento e não implicariam novos repasses.
Apesar do aceno do consórcio, comerciantes estão preocupados com as consequências das interdições, que começaram no sábado. A administração do Bar Belmonte, próximo à Rua Humberto de Campos, por exemplo, teme a perda de vagas de estacionamento.
— Sinceramente, não faço a menor ideia do que pode acontecer. Espero que a clientela continue vindo, apesar da falta de estacionamento na Humberto de Campos, aqui ao lado — disse o gerente do bar, identificado apenas como Pereira.
O primeiro dia útil de operação do novo esquema de trânsito no Leblon foi tranquilo, devido ao feriadão. Quem chegou ao bairro encontrou poucos carros e muitos ônibus de manhã.
Uma faixa à esquerda está interditada em dois trechos da Avenida Ataulfo de Paiva: entre a Rua General Venâncio Flores e Avenida Bartolomeu Mitre e entre as avenidas Afrânio de Melo Franco e Borges de Medeiros. Como opção para os motoristas, um trecho da Rua General Artigas tem a mão invertida para acesso à Rua Humberto de Campos.
CET-Rio: população tem ajudado
Agentes da CET-Rio e moradores do bairro contaram que os primeiros dias de operação do novo esquema de trânsito, no fim de semana, foram mais complicados do que segunda-feira.
— A população sabia de todas as interdições, leu os jornais e não está saindo muito de carro. Sábado foi mais trabalhoso, e mesmo assim foi menos do que esperávamos — disse um operador da CET-Rio.
A partir do próximo sábado, as interdições aumentam: a Avenida Ataulfo de Paiva terá todas as suas faixas interditadas nos trechos entre a Venâncio Flores e a Bartolomeu Mitre, e entre as avenidas Afrânio de Melo Franco e Borges de Medeiros. Duas vias servirão de desvio para o tráfego: a Humberto de Campos (entre a Ataulfo e a Lagoa) e Avenida Delfim Moreira, na orla.
Na segunda-feira, moradores do bairro reclamaram da intenção da prefeitura de instituir uma área de lazer no trecho interditado da Ataulfo de Paiva aos domingos e feriados.
O professor aposentado Joaquim Luís acredita que a ideia restringe ainda mais o direito de ir e vir da população do bairro.
— Sou a favor do metrô e, se as interdições são necessárias, que sejam feitas. Mas área de lazer já é demais. Vai encher a rua todo fim de semana. Vemos como Delfim Moreira fica cheia. Será como um bloco de carnaval na rua todo domingo — diz ele.
Presidente da Associação dos Moradores do Leblon (AmaLeblon), Evelyn Rosenzweig diz que recebeu muitos e-mails de moradores reclamando da ideia do prefeito Eduardo Paes. Entre eles está o de Nisara Pinheiro, psicóloga e moradora da região há mais de 30 anos.
— As pessoas pensam que a Ataulfo de Paiva só tem comércio. Já pensou ter gente andando de patins, gritando? É o dia de descanso! Para área de lazer, o morador do Leblon tem a praia, a Lagoa — criticou.
Fonte: O Globo